Texto extraído do site Rede Globo
Terra virgem de venenos, como diz seu Zenor, neto do primeiro italiano da família a chegar por aquelas paragens. E há cem anos é assim. No trato do solo, hábitos milenares que sobrevivem de geração a geração, hoje chamados de técnicas ecológicas. Trabalho duro.
A família Menegat acorda com o despertar do sol e se recolhe quando a luz se esconde. O pai, seu Zenor, trata dos bichos. Enquanto descansa da lida, dona Égide vai para a varanda preparar a palha e tecer belos chapéus. Valmir, o primogênito de seis filhos, foi para a faculdade como os irmãos, mas logo voltou.
"Eu me lembrava da propriedade e, como tenho um amor muito grande pela natureza, pelas sementes, voltei. Hoje sou feliz com o que faço e não troco por nada", assegura o agricultor.
É um apaixonado por sementes. Cultiva 65 tipos. Uma raridade. Hoje a agricultura moderna prefere apostar em poucas espécies e produção em larga escala. Mas Valmir mantém a tradição: se dedica a encontrar formas e cores diferentes, protegendo a riqueza genética dos grãos, que sempre foram o principal alimento do homem. Uma tática para proteger a natureza. A alternância de culturas diminui perdas: quando surge uma praga, apenas uma parte da plantação é atingida.
"Eu tenho vários tipos de feijões, e cada um tem um ciclo, um período de colheita. O risco é menor, porque posso perder a variedade carioca, mas posso garantir o cinqüentinha-vermelho", conta Valmir.
Mesa farta e saudável, com tudo da propriedade. Para o rico cardápio de almoço, a família só comprou o sal. Ah, se todas as famílias pudessem comer assim. Quem não optaria pela comida orgânica se ela não fosse tão cara?
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